Criadora das chamadas gratuitas na Internet quer ser utilizada também nos telemóveis.
Ana Rita Guerra em Tallinn
Quatro anos e 220 milhões de utilizadores depois, a Skype prepara-se para invadir o negócio das operadoras móveis, com o surgimento dos primeiros telemóveis preparados com ‘software’ capaz de fazer chamadas VoIP (voz sobre Internet Protocol).
O modelo a seguir nos telemóveis será o mesmo que o Skype usa nos computadores, ou seja, gratuito. Basta que o utilizador tenha acesso à Internet numa zona Wi-Fi e poderá “trocar” a ligação GSM fornecida pelo seu operador pelas comunicações gratuitas da ‘dot-com’ entre números Skype. Todo o interface será semelhante àquele que os utilizadores têm no PC quando usam os produtos da empresa, que revolucionou as comunicações na Internet ao lançar chamadas gratuitas, em 2003.
Agora, o interesse da Skype vira-se para o ambiente móvel. A Philips e a Nokia estão na linha da frente como parceiros da empresa, tendo já vários modelos com o ‘software’ Skype embebido.
Deverão as operadoras móveis entrar em pânico? Segundo o fundador e CEO do Skype, Niklas Zennström, não. “É um relacionamento simbiótico”, respondeu Zennström ao Diário Económico, explicando que a Skype está a tentar ser um aliado das operadoras e não uma ameaça. A parceria conseguida com a operadora sueca Hutchinson 3 é um espelho da nova estratégia, uma vez que a empresa já comercializa telemóveis com modo duplo: rede GSM e comunicações VoIP nos mercados em que opera (Suécia, Austrália, Dinamarca e Reino Unido).
“Ao oferecer Skype, as operadoras irão criar maior procura por banda larga”, diz Zennström, que falava ontem aos jornalistas no primeiro grande evento europeu da empresa. Embora admita que muitas operadoras encaram a entrada da Skype no segmento móvel como uma ameaça, a intenção da empresa é complementar a rede GSM e não substitui-la. Zennström, o sueco que já tinha também fundado o Kazaa com o parceiro Janus Friis, garantiu que “por mais que se consiga uma óptima cobertura de acesso Wi-Fi, esta rede não irá matar o GSM”.
Esta é apenas uma das áreas que a Skype – comprada em 2005 pela leiloeira ‘online’ eBay – pretende atacar. Um modelo próprio de publicidade, a venda de ‘software’ no retalho e o mercado empresarial, que já representa 30% dos utilizadores totais, são os grandes desafios da empresa sediada na insuspeita Estónia, que conta com 300 dos 500 colaboradores da ‘dot-com’.
Kazaa, música ao mundo
Niklas Zennström e Janus Friis eram dois escandinavos desconhecidos antes de aparecerem como fundadores da rede de partilha Kazaa, o ‘site’ “peer-to-peer” que mudou a face da Internet. Com tecnologia brilhante, assente no poder de milhões de computadores em rede a partilhar ficheiros em vez de dois ou três servidores centrais, o Kazza foi considerado ilegal até há cerca de um ano. Isto porque todas as transacções eram gratuitas, contribuindo para a queda dos negócios da indústria musical e cinematográfica. Mesmo agora, depois de “legalizado”, o Kazaa continua a ser um marco. A Skype foi a empresa que se seguiu para os dois companheiros, que curiosamente são os estrategas e não os cérebros por trás da programação. Esse mérito pertence a Ahti Heinla e Jaan Tallinn, os técnicos que desenharam tanto o Kazaa como o Skype…
Fonte: DiárioEconômico.com
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
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