Após a publicação de artigos no portal UAI sobre a questão das tarifas telefônicas com o fim dos impulsos, ocorreram sugestões para a abordagem dos benefícios da tecnologia VoIP como concorrente da telefonia, um serviço público através do qual as pessoas conversam a distância há mais de um século. É assunto extenso e conhecido dos especialistas, mas as suas atuais possibilidades práticas podem ter utilidade a todos, sem que se tenha de entender muito da “sopinha de letras” que a sua teoria demanda.
A VoIP é mais um serviço (aplicação) da Internet que permite aos que nela se conectam a conversação telefônica em âmbito mundial (www : world wide web). Lembrando que a Internet foi viabilizada através de um conjunto de protocolos (linguagem computacional com regras comuns) chamado TCP/IP (Transport Control Protocol/Internet Protocol), a VoIP (Voice over Internet Protocol) significa voz sobre o protocolo IP ou, como o próprio nome indica, a transformação da voz (analógica) em pacotes de dados digitais para que possa ser transportada pela rede Internet.
Essa tecnologia é anterior à popularização da Internet. Mas, para que viesse a se tornar alternativa concreta à telefonia convencional, foi (e é) necessário um aumento da qualidade do serviço, não só em termos de largura de faixa (velocidade de transmissão), como pela necessidade dos pacotes de dados serem recebidos na mesma ordem em que são enviados (este requisito não é necessário, por exemplo, para a transmissão de um arquivo, onde os pacotes podem ser rearrumados no destino). A voz, bem como o vídeo (imagens em movimento), é uma comunicação de “tempo real”, ou seja, só é intelegível se as informações forem recebidas na mesma sequência em que são transmitidas.
A (enorme) vantagem da VoIP é o preço, pois, independente de onde esteja a pessoa com quem se quer falar, o telefonema custa o simples acesso à Internet. É evidente que se está assumindo que os dois interlocutores têm acesso à Internet em faixa larga e que seus computadores estejam equipados com microfone, caixa de som e softwares específicos. Esta configuração PC à PC (personal computer) é bastante adequada para comunicações de voz ponto à ponto, como, por exemplo, famílias que têm alguém estudando no exterior. É também interessante que uma das mais nobres características da telefonia atual, a mobilidade, é garantida pelo uso de computadores portáteis (laptops) que podem se conectar em qualquer parte do mundo através de redes WI-FI (faixa larga sem fio), já disponíveis gratuitamente em ambientes de grande presença de pessoas.
Uso profissional
Quando a utilização for “profissional”, a alternativa VoIP requer padrões técnicos mais rigorosos, pois, geneticamente, ela e o serviço telefônico têm DNAs diferentes. Este último é fortemente regulamentado em todo o mundo (e explorado sob a forma de concessão pública), de modo que os protocolos de sinalização (número telefônico, tons de discar, chamada e ocupado) são padronizados, bem como os indicadores de qualidade de serviço (clareza, atrasos, perda de pacotes, eco). Já a Internet sempre se caracterizou (e prosperou) por conta da “indisciplina” regulatória que, no caso da VoIP profissional, representaria dificuldades para ser transparente na operação, principalmente no caso de comunicação telefone à telefone ou PABX à telefone ou à PABX.
Assim, nos nichos de negócios que foram criados entre a Internet e as redes fixas cabeadas (ou móveis celulares) das operadoras tradicionais (comutação por circuitos), começam a surgir novas operadoras IP (comutação por pacotes), cuja proposta é a oferta de um novo serviço, a Telefonia IP, com menores preços e padrões de qualidade do serviço telefônico, através do desenvolvimento de uma indústria específica de equipamentos e sistemas. Especialmente, no caso de micro, pequenas e médias empresas, menos disputadas pelas operadoras tradicionais, já representam uma solução bastante atraente para redução de custos com telecomunicações.
Finalmente, há pessoas que apostam que a tão sonhada convergência de mídias será viabilizada pelas redes IP (convergência de mídias, em linguagem que todos possam entender, significa que toda as formas de comunicação humana, voz, dados, imagens e vídeo, características dos sentidos, deixem de ser limitadas pela distância). Neste cenário, as redes telco (telecomunicações), hoje separadas das redes de dados (DN - Data Networks) seriam integradas em uma única rede no futuro próximo, a NGN (Next Generation Network).
Fonte: Estadão de Minas
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
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